eles estão de costas um pro outro
o céu ainda não está azulado
o cinza predomina
mas é tudo impermanente.
tudo.
inclusive os probelmas.
e eis que de repente, independente da gente, as cores mudam
mas a gente só vê se tiver ali na frente, de olhos abertos
se não… a imagem do cinza pode ficar no juízo
os zois ficam as vezes embassados
não tem ray bam que de jeito
porque é da alma que vem a boa visão
é do coração que a vista de apruma
esses desenhos de todo-santo-dia no céu
devia ser suficiente pra nós se encher de alegria e diminuir as tolices
mas também sei que as tolices fazem parte do desenho
então que tudo seja bonito. mesmo que seja tolo
Mês: janeiro 2013
#domingos
satisfeito cheio depois da pedalar numa trilha bem bonita.
agora tou no quintal, olhando pro céu que ta com uma bela luz. fiquei com preguiça de ir ali. então a foto vai ser descrita: céu azul-pura-memória-de-algum-lugar com nuvens ralas, branco-pérola-quase-dourado feito pinceladas. pássaros miúdos voam em bando.
depois de escrever a frase, a cor das nuvens mais baixas vai mudando rápido para tons mais escuros.
ai quem dera ser poeta. engoli as palavras quando comecei a registar imagens que eu via.
impermanência
o curso é intensivo. o tempo todo.
muitos dias, falto a aula. muitas outras vezes, até vou à aula, mas escolho não prestar atenção pensando que assim dói menos. tem jeito naum, dói muito mais se faço de conta que nada passa, até quero que as flores das orquídeas fiquem alí, sempre. só se for de mentira, né mãe?!
as de verdade, murcham e passam.
confissões
achei ali numa gaveta cheia de escritos antigos:
“eu olho pr’aquela lilia-comigo-ninguém-pode e fico meio perplexa
do tanto que eu pensei que era tudo verdade.
e era, mas hoje a verdade muda de nome.
ando vendo tantas certezas se desmanchando feito papelão molhado
lindo e doloroso
tanto dói como alegra
tanto arde como alivia
porque medo desvendado é um bocado de caminho andado
no rumo do sossego.
doida e corajosa de largar o que sustentava…
claro que parece capenga, feels like capenga
mas a verdade (atual) é que é muito mais firme
porque não tá se agarrando em nada
(aquela monja Pema Chodron tem uma imagem forte que é “se agarrar na água”)
e tome medo aflorando
medos que sempre moraram lá dentro…
atrás das sombras que não deixava aparecer
só inventando personagens destemidos e confiantes,
que andavam pra cima e pra baixo com as muletas “invisíveis”,
se achando invencível… e era.
mas essa parte do filme acabou
a tal da meia-idade chegou e o sentido dela fica cada da mais claro
crise – outro filme
sossego não é sol brilhando todo dia
é a serenidade de apreciar a tempestade”
p.s. tirei essa foto e quando fui olhar tinham duas sombras, uia!
primeiro dia do ano
sempre me FAZ muito BEM sair por ai pra ver as belezas e fazer fotos.
é meu bálsamo. é o “está presente”, pelo menos naquele minuto.
ontem acordei bem cedo e fui ver o sol nascer.
fiquei lá meditando, quieta.
chorei. chorei.
fiz um bocado de fotos me lembrando como fotografar virou grande prazer.
anos atrás eu saía com a camera, todos os dias, e voltada cheia de belas imagens. era tipo “vou alí colher alívio”.
muito bom.