simplicidade suficiente para crer

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essa coisa da solidão é curiosa mesmo, porque ao mesmo tempo que me sentia rodeada de amores, carinho, afeto, ajudas de todo jeito, sentia essa sensação, talvez mais de solitude do que de solidão. era como se eu me sentisse mais perto de mim mesma.
não significava estar sozinha, separada, pelo contrário, muitas horas eu me sentia bem inteira como raras vezes na vida eu senti. conexão. fico até sem encontrar palavras pra explicar esse sentimento. que ao mesmo novo, estranho, talvez era o que me dava paz. sei lá. foi uma experiência tão diferente de tudo que eu já conhecia que ainda estou digerindo e encontrando significados. A poesia explica melhor:

Rainer Maria Rilke

“… Se certos estados do seu espírito lhe parecem mórbidos, esteja certa de que a moléstia é para o organismo um meio de expulsar o que lhe é adverso. É preciso, pois, ajudar a doença a seguir o seu curso. Para o corpo é o único meio de se defender e de se desenvolver. Passam-se tantas coisas dentro de si neste instante! (…)

E é sobretudo o que deve fazer neste momento: aguardar. Não se observe muito. Evite tirar conclusões sumárias do que passa em si. Abandone-se e não raciocine. Caso contrário, seria levada a censurar o seu próprio passado (…)

Apenas posso desejar, uma vez mais, o voto de que possa encontrar, em si mesma, paciência bastante para suportar e simplicidade suficiente para crer. Entregue-se cada vez mais à sua solidão e a tudo que é difícil.
Quanto ao resto, tenhas confiança na vida. Creia: a vida tem sempre razão.