e por falar em cearenses…

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Estamos partindo estão chegando
Ronaldo Correia de Brito
Radicado em Pernambuco, o escritor cearense Ronaldo Correia de Brito fala sobre o nosso povo, que é “igualzinho à areia que o vento carrega, se põe em rebuliço e parte”. como um estrangeiro que pensa em voltar, mas não volta
O garçom que me serviu num restaurante chinês, em São Paulo, era cearense de Sobral. Quando falei de minha origem, ele trouxe um colega de Saboeiro para me apresentar. À noite, numa cantina italiana, fui atendido por dois cearenses de Jericoacoara. No almoço do dia anterior, num self service da Paulista, os garçons também cearenses haviam nascido em Tauá e Mombaça.
Não posso concluir que todos os garçons de São Paulo são cearenses, nem que todos os cearenses que moram em São Paulo são garçons. No máximo, suponho que existem muitos cearenses em São Paulo e vários deles são garçons. Eles falam com nostalgia da terra onde nasceram, pensam em retornar de férias, mas param a conversa por aí. Recordam a paçoca e a rapadura, mas já se acostumaram ao ravióli, ao sushi e ao yakisoba.
Talvez o traço mais desenvolvido nos cearenses seja a capacidade de adaptação. Será que somos mesmo um povo nômade, que gosta de migrar? Isso se tornou lenda; somos comparados aos judeus. Mas os judeus muitas vezes deixaram a terra de origem na marra, levados para algum cativeiro. E que estranha força nos empurra sempre para longe? Talvez a carência; quem sabe, uma falta de tudo. Caí no terreno arenoso da psicanálise. Todo indivíduo busca preencher essa falta, do mesmo jeito que se aterram buracos. Os cearenses vão atrás do que não existe no Ceará, como os turcos, os romenos, os ucranianos, os armênios e os africanos: a subsistência.
O Ceará é o melhor lugar do mundo, no coração do cearense. Os olhos enchem de lágrimas se relembra os verdes mares bravios, as jangadas, o entardecer sertanejo. Mas voltar pras origens, no sério, de verdade, poucos cearenses desejam. Acostumam-se à terra longínqua, aos costumes novos, aos sabores exóticos. Acham melhor aquietarem-se. Carregam a secura do deserto na alma, a areia, o vento. E basta.
O solo praieiro cearense ondula. Dunas móveis. Pedro Nava, um escritor mineiro com ascendência cearense do lado do pai e da mãe, fala disso no livro Caminhando na Praça de São Marco, em Veneza, sentiu uma insegurança ao pisar, uma leve tontura, como se o chão fizesse curvas. Lembrou da infância em Fortaleza, o mesmo temor em dar os passos. Veneza flutua sobre ondas marítimas, o Ceará flutua sobre areias de deserto. O vento Siroco atravessa Veneza, o Aracati arrepia as areias do Ceará.
O Aracati é aquele que vai embora por derradeiro, no belíssimo poema de Joaquim Cardozo, intitulado Congresso internacional dos ventos:
“O último que se pôs a caminho foi o vento Aracati:
– Cortou uns talos de chuva
Com eles fez uma flauta
E se foi, tocando e dançando,
E se foi pela estrada de Goiana.”
Móvel o vento, móveis as areias, gente móvel. O cearense, igualzinho à areia que o vento carrega, se põe em rebuliço e parte. Nem olha para trás, teme virar estátua de sal. Na areia frouxa do chão nada se sustenta, nenhum edifício consegue ser duradouro. Como podem crescer as árvores de gente, na areia frouxa? Voam para longe as sementes e os frutos, enquanto o Ceará rodopia. Retirantes não sabem mais de que lado ele fica, nem que rumo tomar para retornar a ele. Exilam-se do Ceará real, transformando em imaginação, devaneio, passagem, o que parecia verdadeiro.
Cearense estrangeiro pensa em voltar, mas não volta. Quem está sempre por aí no Ceará, com negócios prósperos, são outros, os estrangeiros: portugueses, espanhóis, italianos, Deus sabe quem mais… Uma colonização em tempos globalizados? Gente que gosta de sol, de praia, de riscos. Como gostamos de frio, de museu, de segurança. E ao nosso modo cearense, transpomos fronteiras e oceanos e colonizamos Portugal, Espanha, Itália… Jeito pacífico de quem come baião-de-dois em piquenique no Bois Boulogne, falando do Ceará como se ele existisse de verdade.
[Ronaldo Correia de Brito é cearense, contista, dramaturgo e médico. Autor de As Noites e os Dias (1996), Faca (2003) e O Livro dos Homens (2005).
daqui a pouco eu volto pra contar como é que eu sinto essa coisa de “Estamos partindo estão chegando”.
voltei:
quando vim morar aqui cinco anos atrás, eu pensava em voltar para o ceará em 6-7 anos, quando a condição financeira permitiria.
hoje eu confesso que não penso mais em voltar pra morar. meu desejo mudou e agora eu quero mais é “ter um pé aqui e outro aculá”, ou seja, ter condição de passar 5 meses lá (dezembro-janeiro-fevereiro e julho-agosto) e 7 meses aqui. não na florida porque gostei bem muito de morar onde as estações são bem definidas com natureza abundante. os espetáculos da primavera, do outono e a primeira/última nevada fizeram muito bem pra minha alma, então bem posso voltar a morar em maryland onde tem as duas coisas e o frio não é de matar.
quando a saudade vira presença, e a distância deixa de ser medida geográficamente, “o melhor lugar é o ser feliz”, como diz o caetano,
mas isso é hoje e como a única coisa permanente na vida são as mudanças, eu bem posso mudar esse desejo de novo e de repente ir morar de volta na beira d’uma praia e vadiar ao som das ondas do mar o do roçar das palhas dos coqueiros. né naum?

ô besteira besta!

[recebi por e-mail sem autor]:
Quando os cearenses dominarem o mundo
Todo mundo sabe que os cearenses estão por toda parte. Em geral, o cearense é aquele sujeito baixinho que é o guardador de carro em São Paulo, o chefe de um restaurante da Madison em Nova York ou o designer que bolou o logo da Eurocopa em Portugal.
O que pouca gente sabe é que na verdade isso é uma bem arquitetada jogada que visa plantar gente nossa em postos-chave da administração mundial.
Quando estivermos prontos, será deflagrada a grande tomada de poder e meu conselho é que você fique imediatamente amigo ou amante de um cearense, pois sabe como é: pros amigos tudo, para os inimigos, a lei!
Tomaremos o poder a partir de uma senha pré estabelecida, que só um cearense saberá o significado oculto. Ao berros de Queima Raparigal! As hostes de cabeças-chatas invadirão os parlamentos e palácios e todos os jornais e as redes de tv do mundo livre. Ninguém desconfiaria que Juvêncio Araripe, humilde faxineiro da CNN, na verdade é um professor do LIA que rapidamente conectará a rede de Atlanta para nossos propósitos.
Elegeremos um papa cearense, Raimundo I, que canonizará Padre Cícero e determinará que daí por diante em todas as igrejas católicas a óstia seja feita com macaxeira. Essa simples bula papal fará com que a economia do Ceará dê um salto. O único problema é achar uma mitra que caiba na cabeça do papa, mas nós cearenses sabemos improvisar: Raimundo I usará uma fronha de travesseiro enquanto não se encomenda outra.
A Literatura de Cordel ganhará status de arte maior, e Clodoaldo Mastrúcio ganhará o Nobel de Literatura com seu livrinho A moça que engravidou do cavalo e a besta da sua mãe. Polidamente, Clodoaldo recusará as coroas suecas, alegando que gosta mesmo é de uma bichinha mais nova. Aí explicarão o mal entendido e ele vai aceitar a grana numa boa.
Nas artes plásticas, os desenhos com areia colorida irão ocupar alas e alas do Louvre. Para arranjar espaço para as garrafinhas de areia colorida, todas aquelas velharias do Turner e do Delacroix serão levadas para decorar a salinha do faxineiro ou serão jogadas no Sena. A Monalisa fica, pois na avaliação de Serotônio Macêdo, novo curador do museu, ela é uma cabôca danada de aprumada.
O novo secretário geral da ONU será Severino Cavalcante – nenhum parentesco, mas a cara é igualzinha -, que resolverá o conflito Israel/Palestina doando vastas extensões do sertão cearense pros brigões.
A ata de doação será concisa e formal. Nas suas palavras: Olha, bando de mulambeiros, a terra é seca do mesmo jeito e o mar é da mesma cor. Deixa de frescura que vocês nem vão notar a diferença e o Ceará ainda é maior que aquela tripinha de Gaza.
A famigerada música cearense tomará o mundo. Numa revanche histórica, teremos as categorias de música anglo-saxã e artista bretão no Grammy, para dar uma chance a esses aculturados já que nossa música será hegemônica.
O mesmo se dará com o Oscar. Bolaremos uma categoria que premiará o melhor filme de cangaço, melhor cena de amor numa jangada e melhor mocotó, dado para as atrizes mais pernudas. Para apresentar o Oscar, nada de Jon Stewart! Tiririca será o escolhido e Didi Mocó destronará Chaplin como ícone da comédia.
O rodeio será substituído pela vaquejada, a coca-cola pela água de coco, Ipanema por Jericoacoara, chiclete por banana, Trafalgar Square pela Praça do Ferreira, Gandhi por Antônio Conselheiro, Átila por Virgulino Ferreira, e por aí vai.
Destruiremos Brasília e em seu lugar abriremos um depósito de lixo atômico. A Nova capital do mundo ainda será Nova York, mas a gente vai rebatizá-la de Nova Quixeramobim e vamos trocar aquela estátua cafona por uma enorme gostosa de biquíni. Yeah!
Não vejo como o plano possa falhar, pois cada vez mais nossos agentes se espalham pelo Brasil e o mundo todo. Só nos resta esperar, de preferência no fundo de uma rede, enquanto as engrenagens giram por si. Adeus e até a vitória! Como sou modesto, quero para mim apenas um título de nobreza e umas terras anexas: barão de Ibiza soaria bem.
Preparem-se porque não há teoria de Ri que explique tal fenomeno. Os realistas, construtivistas ou institucionalistas ficaram perplexos, só restará curtir a praia comendo caranguejo e bebendo um bom coco gelado… “
bom fim de semana pra nós!

e assim se passaram 11 dias…

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o relato é quase igual aos outros: emoções, carinhos, afetos, comilanças, bebedeiras. praia, calor muito, alguns pingos de chuvas.
nada nunca é igual, claro, e foi diferente. a começar pela chegada, escondida. poucos sabiam. resolvi fazer assim porque queria mesmo que fosse uma surpresa pro bruno, e, que fosse uma viagem ZEN: zen presentes, zen encomendas, zen muita programação antecipada. mas com tanta ansiedade, o zen ficou longe 🙂
agora tou voltando pra casa, com uma parada de dois dias na cidade maravilhosa. faz muito tempo que não vou ao rio e me deu vontade de rever aquelas belas paisagens. me deu vontade de rever amigos e de encontrar outros que ainda não olhei nos olhos, mas que já fazem parte da minha vida.
e é isso. inté semana que vem!

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lendo um longo texto, recortei esse pedaço que achei interessante:
“Assim, aos que atravessam crises, tenho muitos desejos. Desejo-lhes primeiro o discernimento, porque é preciso separar as crises reais das imaginárias e distinguir o “mudar” do “mudar para melhor”. Desejo-lhes a flexibilidade, pois deve-se aprender a curvar-se diante da inexorabilidade dos fatos mesmo quando confrontados com os argumentos mais sólidos. Desejo-lhes a ousadia, porque é preferível tentar e arriscar a inclinar-se frente ao receio e às adversidades. Desejo-lhes a criatividade, pois o mundo solicita que se faça diferente para que se possa evoluir. Mas, sobretudo, desejo-lhes a coragem, para dominar o medo, para realizar escolhas, para abdicar da estabilidade infeliz, para combater a hesitação, para negar o que não lhes convém e para exigir o que lhes é próprio, por direito divino. Você faz o que te dá medo e ganha coragem depois. Não antes. É assim que funciona. Já disse isso antes…
Mediante o uso destes atributos, empresas poderão cultivar o desafio de ingressar em novos mercados, casamentos de conveniência poderão permitir-se capitular, talentos artísticos enrustidos atrás de mesas de escritório poderão ser revelados.
Mediante o uso destes atributos, seus relacionamentos poderão ser mais verdadeiros, seu trabalho mais digno, sua compaixão mais autêntica, suas posses mais honestas e seu espírito mais elevado.
(Tom Coelho)

quando o sol é sol

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é engraçado morar no outro hemisfério porque as queixas em relação ao clima se revesam.
agora o pessoal que mora no sul do brasil só fala no frio que ta fazendo por lá, e hoje aqui amanheceu do jeito que me faz feliz: ensolarado e quente!
me sinto completamente confortável quando o clima esquenta e o sol bate ardendo na pele. o prazer de vestir shorts, camisetinhas de alça e sandalinha é imenso.
liberdade. é isso o que sinto quando o inverno acaba. é como se eu fosse uma personagem de um filme, com casacos e todos os acessórios necessários no frio. quando o verão chega é como se eu fosse mais real, mais leve, mais solta.
e pra homenagear o clima bom, deixo estas cores e texturas do meu ceará, onde o verão é como cantiga de grilo, nunca acaba 🙂

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update: achei lindo esse comentário da minha sobrinha querida:
“tia eu acabei de me mudar!
mudei para a cidade verao!
por la as pessoas acreditam que a melhor maquiagem ee um grande sorriso!”
🙂

tou ja voltando

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recebi esta foto hoje por e-mail da renata, uma amiga que mora nyc que conheci pelo blog.
quarta-feira estarei vendo esta paisagem novamente, que deve estar diferente, com as arvores cheias de folhas.
eu tambem estou diferente, como alguns ja perceberam pela foto abaixo, estou mais “cheinha”, pra nao dizer gordinha. mas nao chega a ser procupante: com o clima quente, come-se folha o dia todo e faz-se caminhadas todo dia pra recuperar.
hoje foi o almoco de despedida e mais comilanca e bebedeiras 🙂
amanha eh comecar a organizar o juizo para a volta e arrumar as malas, e terca-feira a tarde inicia a viagem de volta que termina na quarta pela manha.
viajar eh otimo e voltar pra casa eh bom demaissssssss.
uma otima semana pra nos.

pois sim

nao tou conseguindo postar, ja deu pra perceber ne?
estar aqui nao eh do mesmo jeito das outras vezes, a passeio, de ferias (e vadia tira ferias eh?? rsrsrs).
vim em missao e tenho tentado cumpri-la: alimentar o filhote que esta precisando de mais carinho, amor e “lambidas” muitas.
alem disso, sao os encontros com amigos, comendo, bebendo e alegrando o coracao. a rotina fica alterda, como e bebo mais e o resultado eh que ja ganhei uns quilinhos. tsc tsc tsc.
perdi mais uma virgindade: me rendi e pintei meu cabelo pela primeira vez. as luzes brancas espontaneas estavam cada dia mais acesas e foi o jeito apelar para a tinta. mas nao estou loira nem loura!!!!!!!
ser mae nao eh dificil para mim, ser esposa eu demorei muito pra aprender mas acho que tou dando conta direitinho, mas nestas outras coisas de “ser mulher” eu sou um fracasso. nao gosto e nao tenho disciplina para cumprir as regras da feminilidade. demorei a me render porque nao gosto desta “escravidao”. mas enfim, a vida eh mesmo assim 🙂
e pronto.
adorei esta foto que fiz deste menino lindinho de morrer. assim este post-papo-furado fica mais interessante.
tomaslindore.jpg
tomas, filho de uma grande amiga

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nao esquecam de “ajudar” a vadia a ganhar dindin 🙂 clique no banner abaixo para mais informacoes.

se nao funcionar clique aqui

oh vidão

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por aqui a vida é o que já resumi: calor do sol, dos abraços, bebida, comida e alegria no coração.
apesar de ter estado aqui há tres meses atras, os encontros são sempre festivos e cheios de afetos.
hoje teve almoço na casa do meu irmão que estava em sp quando cheguei. casquinha de caranguejo, castanha com queijo de coalho (adoro esta combinação) e ova de peixe frita para tira-gosto. moqueca de peixe e camarão ao molho de catupiry foram os pratos principais. some ai mais algumas cervejas e o resultado é que estou aqui me sentindo como se tivesse comido um boi inteiro. amanha tem mais e as alfaces que me esperem quando eu voltar pra hoboken 🙂
bom fim de sábado e um domingo bem bom pra nós.

demorei, mas aqui cheguei

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eh muito bom estar aqui de novo, “lambendo a cria” e sendo “lambida”.
a viagem eh muito cansativa: saí de casa na terça a tarde, o voo saiu de nova york as 7 da noite e só cheguei aqui as 2 da tarde de quarta, depois de ficar 5 horas no aeroporto de são paulo. por isso o “juizo” demora um pouco a funcionar normalmente.
carinhos, queijo de coalho, afetos, baião-de-dois, muita conversa, paçoca.
alem disso a caixa de comentarios cheinha de bons desejos e torcidas. e ainda meu paul fazendo gaiatices 🙂
a vida so pode ser bela. nao tem outro jeito. que a minha alegria respingue em voces todos.