c’est la vie


desde de adolescente tinha muita vontade de conhecer a Franca. em 1981 cheguei em Paris pela primeira vez. parecia um sonho. e dai pra frente foi como um caso de amor com aquele pais. aprendi frances muito rapido, estava sozinha e a idade tambem ajuda muito. nessa epoca morei por la uns cinco meses e quando o frio chegou eu voltei pro meu ceara quentinho. em 1985 voltei a morar por la, mas desta vez em Nantes e ja tinha meu filho bruno (1 ano). depois voltei a passeio duas vezes, em 94 e 96, e viajei bastante pelo sul da Franca. conheci os Alpes Maritimes e me apaixonei de vez. fiquei com a ideia de que queria envelhecer numa cidade chamada Saint-Cezaire-sur-Soigne. parece uma cidadezinha de brinquedo. lindinha, com ruas estreitas, janelinhas com cortinas de renda e jarrinhos de flores. eh uma regiao montanhosa, mas perto das praias do mediterraneo.
eu dizia que tinha tido uma “reencardenacao” por queles lados. me sentia tao a vontade nos lugares, com a lingua, com as pessoas.
de repente o coracao me trouxe pra Nova Iorque. nunca pensei em morar nos usa. nunca fui atraida por este pais. estive por aqui duas vezes quando fiz umas viagens de veleiro (80/81). mas meu destino era sempre outro. a propria viagem no veleiro ja era “a viagem”. pra onde o barco ia, nao me interessava. e nao interessava mesmo ficar nos usa. e aqui estou. nesta maior-cidade-do-mundo. saint-cezaire que me espere! e ate hoje me assusto quando me vejo em plena
Times Square (webcam live), principalmente a noite, com aqueles outdoors luminosos gigantes, enormes por todos os lados.

a vida eh mesmo assim!

moidsch* estou plena. e


moidsch*
estou plena. e acho que por isso mesmo as palavras nao me saem belas. fico pensando, e elas me vem simples, sem beleza estetica. ausencia de dores? leio meus textos antigos e constato que os preferidos foram escritos em momentos tristonhos e sombrios. hoje me doi meu filho ainda esta no brasil, mas nao me desespero. ele ta crescido, 19 em breve. sinto saudade da familia, dos amigos, do sol que bate na pele e arde. mas eh uma saudade diferente das outras vezes quando morei fora. eh suave, nao tem ponta aguda fazendo doer forte.
estou feliz com o Paul. fazia tempo que desejava encontrar uma pessoa para somar. e pela primeira vez, com 42 anos, estou morando junto. dividimos a casa, mas somamos o resto: amores, tesoes, alegrias, problemas, solucoes. quem diria, aquela mulher inquieta, irreverente, independente, muitas vezes impertinente, estar hoje assim, na maior parte do tempo, serena. plena. obrigado senhor!
* adoro o traco desses desenhos. maravilhoso!

retalhos


eu comecei a “brincar de blog” e fui colocando o que aparecia no meu pensamento, o que estava me chamando atencao naquele momento. e essa semana alguns assuntos ficaram boiando: a falsa freedom dos americanos, o passeio que fizemos no sabado, o prazer de cozinhar, a recompensa de tantos meses de frio com a chegada da paisagem da primavera, o tanto que a voz do caetano faz bem pra minha alma, as curiosidades da televisao americana, etc, etc. fiquei me perguntando se deveria seguir alguma linha. e ai que fica combinado que aqui vai ser assim como uma colcha de retalhos. aos poucos eu revelo meus prazeres, meus anseios, meus medos, meus amores, meus dissaboes, minhas inquietacoes, enfim, “de um tudo” que passar por essa cabeca vadia.

quando a gente chega nos

quando a gente chega nos usa, sao muitas coisinhas miúdas pra gente se adaptar. o clima, o idioma, o sistema de medidas (oh saco!). tenho lido alguns blogs de brasileiros que moram por aqui e eles comentam estas ‘dificuldades” de adaptação e assimilação. até tive numa situacao engracada quando me matriculei numa academia de ginástica e fui preencher meus dados, e eu nao soube dizer nem minha altura nem meu peso. a moça olhou pra mim assim de banda, e eu com um sorriso amarelo respondi: só sei no meu sistema, o métrico. eu lá sabia quantos pounds eu peso e quantos feets eu meço! fiquei sabendo alguns minutos depois.
mas o mais difícil de entender mesmo é esse jeito americano de ser. num é pra gabar não, mas oh povo esquisito pro meu gosto. e não estou falando mal deles não. só acho muito estranho esse tipo de vida do planeta. com essa guerra, eles confirmaram o quanto são ignorantes (no sentido literal da palavra: falta do “saber”, falta de informacao mesmo), e que eles só têm olhos pros próprios umbigos. e o mundo que exploda. lógico que estou generalizando, e que neste país tem pessoas maravilhosas e inumeros artistas incomparaveis. aliás, tou quase casada com um americano e foi por isso que vim morar aqui!

tulipas


eu adoro ter flôres naturais. talvez porque minha mãe sempre teve a casa decorada com um monte de arranjos de flôres artificiais, ou porque sou meio abestadinha mesmo. cada vez que olho pra elas, abro um sorriso feito besta. e sempre quis ter tulipas! mas como nasci e morei grande parte da minha vida em fortaleza, não é nada fácil ter tulipas em casa. essas abaixo eram as tulipas possíveis, que também me fazem sorrir!

e pra não dizer que não falei da guerra, vai aqui o link pro blog espírito de porco que colocou uma foto-charge hilária.

Nada melhor do que nao fazer nada…


Nao sei se a gente já nasce com algumas habilidades, ou se o tempo vai nos ensinando. Mas a verdade é que eu sei não fazer nada bem direitinho. E o que é melhor, me orgulho cada dia que passa de ter esta capacidade. E de repente fui eleita(?) pra morar em NYC e não fazer nada!!! E tenho me deliciado todos os dias com esta condição. Doida, né? só pode! Mas tenho uma amiga que me entende completamente. Ela tambem faz apologia à preguiça! Oh coisa boa é ficar em casa. ainda mais com o clima frio e chuvoso conspirando em meu favor.
Oh coisa maravilhosa é não ter hora marcada pra nada. O meu namorado viajou, e essa semana nem hora pra arrumar a casa, fazer o jantar e tomar banho eu tenho! Será que o nome disso á liberdade? Pelo menos esse é o sentimento que tenho agora. Estou livre pra fazer nada a hora que eu quero. Obrigada senhor! A gente tem que ter muito cuidado com o que pede porque um dia a gente acaba conseguindo. E diz que quando Deus quer enlouquecer uma pessoa, ele da tudo que ela quer. Aindo não cheguei a este ponto de loucura. Ainda tem uns desejos não atendidos.
Mas voltando à liberdade de nada fazer, às vezes me admiro diante de tantos que vivem no ritmo não-posso-parar-se-paro-penso-se-penso-choro (da mesma forma esses tantos devem se admirar dessas pessoas como eu, que podem nada fazer o dia todo!). Eu paro, penso, penso, penso, penso e raramente choro, e na maior parte do tempo, sorrio de ter este previlegio. E já que estou tão vadia, resolvi escrever essas bobagem aqui.