visitante

como tinha uma visitante no fim de semana, fizemos um longo passeio comecando pelo soho, tribeca, hudson river park, ground zero, south street seaport, chinatown e little italy.

fazia tempo que nao ia la pelo “ground zero”. esta bem diferente da ultima vez que vi, mas ainda estao trabalhando abaixo do solo e eu imagino que seja a reconstrucao do metro e do path (trem pra new jersey). passamos por la no sabado e continua uma multidao de turistas ao redor. o paul trabalhava no 33o andar da torre I e la estava, por acaso, no momento do atentado. levou 50 minutos pra descer os 33 andares. o trauma vai ser pra toda a vida. no dia-a-dia ele nunca fala no assunto, mas sempre que alguem “novo” aparece ele desanda a contar o que viveu.

mais hudson river park


entre a grande avenida e o rio tem esse espaco que ate entao nao tinha nada. agora no verao eles colocaram um monte de coisa como essa escola de trapezio! o calor no verao nova iorquino eh de matar, mas eles inventam tanta coisa legal!! eu ando meio alheia ao que ta acontecendo, mas tem muita atividade gratuita em nyc no verao: shows, cinema, exposicoes, feiras. eh pra compensar o tempo que a gente passa “dentro” no inverno.

nao entendi

hudson river park

passeando pelo hudson river park no sabado me deparei com uma cerca ao longo do gramado. logo depois vi esse aviso absurdo: “cerca temporaria para reduzir possiveis conflitos entre os usuarios do park e os “commuters” que sao as pessoas que moram do outro lado do rio e trabalham em nyc e vice-versa. procurei alguma noticia sobre isto e nao encontrei nada. nao consigo imaginar que tipo de conflito possa acontecer por ali.. esse toldo branco do lado direito eh o novo pier onde atracam os ferry boats vindos de new jersey. o antigo ficava uns 200m pra baixo, onde ja nao tem gramado. de manha cedo, chegam ferry boats a cada 10 min, lotados de pessoas vindo pro trabalho em nyc. nas minhas caminhadas matinais por ali sempre via eles chegarem e descerem aos montes, enfileirados andando rumo ao “finacial world center” ou wall street, etc. mesmo o novo pier localizado um pouco antes, nao consigo entender que tipo de conflito pode ocorrer ali. update: caminhando ontem pelo parque, perguntei o porque da cerca. e eh isso mesmo monica e luciana, as pessoas estavam encurtando o caminho atravessando o gramado. so isso. mas continuo achando absurdo colocarem a cerca. porque nao colocar so um aviso grande advertindo os commuters para nao cruzarem a grama? podiam tambem ter colocado um dos guardas do parque na saida do pier indicando por onde seguir? bom. a cerca ta la. feinha, feinha.

sabado, domingo…

visitas em casa.
casa pequena. minuscula.
duas, mulheres brasileiras, a mais, parece multidao.
mas eh bom. passeios turisticos no sabado.
ressaca do desejo nao atendido.
paul viajou hoje.
lembra quando eu tava radiante com todas as novidades de casa nova, cidade nova, trabalho, casamento? assim mesmo eh a vida.
tem umas curvas no caminho. alem de curvas, pedras.
e a gente pula. eu as respeito, as pedras e as curvas. fazem parte.
cat stevens, wild world. carly simon, i haven’t got time for the pain, killing me softly. carole king, tapestry.
cerveja, nao importa a marca, ta gelada. muitos cigarros.
mel com propolis e agriao que a visita trouxe do brasil pra aliviar.
hoje nao teve chet baker. hoje nao teve billy holiday. dava nao.
ai eh tao doido isso. minha vida aqui ta tao legal, tudo caminhando bem.
amor, suor, mudancas. e la no ceara nem tanto assim.
tudo se resolve.
mas quando? como? deus nao quer me enlouquecer. nao ta me dando tudo. ele deve ter razao.
tem aquela frase medonha: ‘talvez nao fosse ainda a hora certa”. ai como eu acredito e tenho raiva disso.
passou, a raiva. ficou ainda uma tonteira.
so o rei tempo, vai da um jeito nisso, com a ajuda do meu discernimento e da minhas atitudes.
ate la nao desistam de mim. pleeeeaaaaseee!!!
prometo ser uma menina mais feliz de novo, logo logo.

eu, mae


se eu nao tivesse tido um filho, certamente que eu teria perdido o prumo, o rumo, o fio da meada e so deus sabe onde eu teria ido parar. como uma boa aquariana, aventureira desprendida, possivelmente teria viajado muito pelo mundo afora, mas tive a oportunidade de fazer esta viagem infinita.
ja havia atravessado o atlantico duas vezes em veleiros. experimentei moradias curtas em porto rico e paris. agora iria navegar por outros mares. em 1983, fruto de uma paixao louca (pleonasmo?), engravidei. decidi que, embora a relacao com o pai fosse uma especie de “nosso amor nao deu certo, gargalhadas e lagrimas”, iria ser mae. tinha 22 anos.. ja morava sozinha e tinha um bom e interessante emprego numa afiliada da globo em fortaleza. a novela com a lidia brondi fazendo papel de mae-producao-independente ainda nao tinha comecado a passar, mas eu ja estava com a minha producao independente encaminhada. com o privilegio de ter uma familia super bacana, encarei a empreitada.
tive uma gravidez bem saudavel (mesmo nao tendo parado de fumar) apesar de trabalhar feito uma louca. bruninho nasceu de um parto cesariana, depois de todos os esforcos para ter parto normal. eu era natureba e queria parir de cocoras. fiz curso de respiracao e tive um cuidado alimentar impecavel. depois de mais de 6 horas em processo de dilatacao, fomos ao passo seguinte, o da explulsao. mas a cabeca nao passava nas ancas estreitas desta mulher de 1m48cm. quando pensou-se na posssiblidade de tira-lo com a ajuda de ferros, optei pelo corte. sem trauma.
amamentei durante um ano e meio. era a coisa mais maravilhosa ter aquele bebezinho lindo chupando loucamente meus peitos. quando voce ouvir alguma mae dizendo: “ele nao quer parar de mamar”, nao acredite. quem nao quer parar somos nos. eh bom demais. e tem o lado pratico. nunca fiz uma mamadeira de leite na minha vida e nossa bagagem era minima.
larguei o bom e interessante emprego porque nao aceitei a possiblidade de deixa-lo com uma baba e perder a viagem de acompanha-lo todas as horas. eles passam o resto da vida “grandes”. essa fase dos primeiros 3 anos era uma oportunidade de me reeducar, rever e ganhar novos valores, e eu nao quis perder isso.
aluguei meu apto e fui morar num sitio com uma amiga que tambem tinha parido ha pouco tempo. distante 80 km de fortaleza, o primitivismo fazia parte do lugar: nao tinhamos energia eletrica nem agua encanada. mas nao pense que a vida era dura por isso. pelo contrario, tinhamos a mordomia de ajudantes para os servicos bracais, e eu passava o dia inteiro dedicada tao somente a curtir essa viagem. quando o bruno dormia, ouvia-se o tilintar das moedas do I ching. era meu estudo de filosofia.
a vida intinerante seguiu-se ate 1986. da serra da palmacia nos mudamos para praia das goiabeiras, um bairro na periferia de fortaleza. desta vez na companhia de outra amiga que tinha 2 filhos um pouco mais crescidos. la montamos uma “mini-fabriqueta” de bolsas, mochilas e outros acessorios. eu cortava e administrava o orcamento e ela costurava. valia tudo pra trabalhar dentro de casa e continuar por perto.
nao durou muito, alguns meses depois estavamos indo pra franca. fomos morar em nantes. casa, comida, trabalho e um “marido” que nao estava nos planos. risos. ele era um amigo maravilhoso com quem fiz as viagens de veleiro, e quando la chagamos, ele estava a espera da familia pronta. porque nao tentar essa vida conjugal sem muita paixao? ele estava construindo um novo veleiro, e eu o ajudaria na construcao. serra eletrica, lixas, verniz, madeira e tintas passaram a fazer parte da minha vida. comparava o trabalho de tranformar tecido em bolsas com o corte da folha de compensado se transformando em camas, mesas e etc.
o inverno rigoroso e a saudade me levou de volta pro brasil alguns meses depois. dai em diante fiquei mais quieta. se eh que isso eh possivel. olhe onde estou agora.
bruninho cresceu com saude invejavel. minha mae nao se conformava dele nao ter “um medico”. e eu dizia: “mas mae, ele nao fica doente, como eh que vai ter medico?” claro que quando era bebe foi acompanhado por um pediatra, homeopata. cresceu sem precisar de remedios. nunca teve uma dor de garganta e o primeiro antibiotico que tomou foi aos 8 anos pra curar uma neglicencia.
sou uma mae satisfeita. onde investi e depositei minha atencao, carinho e amor, ve-se o resultado. onde falhei tambem eh visivel, mas pelo que me consta ainda nao nasceu nem mae nem filhos perfeitos.
aqui estou eu morando longe da minha cria desde fevereiro do ano passado. estive no brasil 2 vezes e agora seria o momento dele vir conhecer a vida por aqui e decidir onde queria morar. ele nao vem. continua la com muitos km nos separando. (e essa maravilhosa internet encurtando esta distancia).
e cá estou eu, carente, desabafando num blog quilométrico.

visto bruno


moidsch
negaram mais uma vez o visto pro meu filho vir me visitar. desta vez pedimos um visto temporario de estudante e mesmo assim eles nao deram.
money, money money. eh so uma questao de dinheiro. eh foda.
uma mistura de tristeza e raiva toma conta do meu coracao e da minha alma. to invadida por estes sentimentos. meu rosto ta inundado de agua salgada que escorre lentamente. este eh o gosto da tristeza. nao quero sentir revolta. nao quero nenhum outro sentimento ruim aqui dentro.
quero serenidade. quero luz pra ver as possibilidades futuras.
nao eh o fim do mundo. mas agorinha meu pensamento esta estagnado. imaginando como o bruno ta frustrado e decepcionado mais uma vez. e esta sozinho em recife.
queria ser uma fada agora, pra ir ate la e abraca-lo.
amanha… amanha. hoje eh so isso mesmo.

maria das dores


robei daqui que roubou deste outro
e sabe porque? meu nome hoje eh maria das dores. to nervosa, to ansiosa, to com colica pos-menstruacao (quando a gente ta assim aparece tudo quanto eh mazela). nao quero digitar. nao quero pensar. nao quero o desenho maior do que o real. tomei remedinho pra colica. tomei remedindo pra alma. estou indo de novo pra hoboken, desta vez com uma amiga brasileira (ana lucia) que mora em newark, nj.
mas eu queria mesmo era deitar numa rede e ficar la, ficar la, ficar la ate amanha de manha. lilia, porque voce eh desse jeito, lilia.?

reclama agora!


aqui eh assim: ou eh calca de veludo ou bunda de fora, literalmente!!!! sabado eu tava de casaquinho e hoje a vontade era de tirar a roupa no meio da rua! e la fui eu pra hoboken hoje a tarde com aquela amiga que me levou pra florida. foi um passeio rapido, pra ela conhecer onde vamos morar.
e olha so, no parque de la tem agua pro pessoal refrescar. a meninada tava fazendo a maior farra. eu sempro acho esquisito aqui as pessoas ficarem pegando sol nos parque exatamente porque nao tem agua pra passar o calor. eles ficam ali estirado no sol, depois vestem a roupa todo suado e vao pra casa. mais um pontinho pra hoboken 🙂