eu passei a vida escapando de compromissos sociais. não tenho o menor saco pra essas coisas, a começar pelo vestir. gosto de me vestir o mais básico possível. nunca tive “roupa pra sair”. minhas roupas são simples e quero ir pra todo canto com elas. então quando aparece um evento que me “pede” pra vestir do jeito que num sou eu, nao quero! são resquícios da lilia-intolerante.
mas é de ‘bom tom” (odeio bom tom) que a mulher acompanhe o marido, principalmente quando o jantar é uma comemoração na casa do novo-patrão do novo-emprego. ou seja, nem pensar em tentar escapar.
então tá, vamos lá. se fosse no verão o “problema” da roupa estava resolvido com o tubinho-preto-básico. mas ainda ta friozinho e aí improvisei uma coisa que ficou até bacana.
mas eu quero mesmo é contar como é a casa do patrão. ele mora afastado de qualquer coisa, numa propriedade imensa onde moram muitas outras pessoas da mesma família. a mansão dele é a última de todas e juro que nunca tinha estado num palacete daquele modelo. pra começar a casa não parece “de mentira’ como a maioria por aqui. pode até ser que seja, com paredes de compensados, mas tive a impressão que era de verdade.
ao chegar vem a parte que mais me incomoda: ser apresentada a todos, apertar a mão de todos, dizer meu nome acompanhado de “nice to meet to you”. por que será que eu sou assim, heim?
mas os anfitriões me pareceram bem agradáveis, sem muita onda.
as pessoas que chegaram antes estavam em pé na cozinha (que é maior do que o apartamento que eu moro). por ali ficamos, olhando a cozinheira fazer e servir os tira-gostos maravilhosos até todo mundo chegar.
quando todos chegaram o dono da casa começou a fazer um tour pelos 2.000 metros quadrados do “palácio”, explicando e contando tudo sobre tudo. começou pelo “foyer” que nada mais era do que o hall de entrada que tem o pé de direito enorme. contou sobre os dois murais pintados por uma sobrinha, nos dois lados ao alto do hall.
a decoração da casa toda mais parece um museu. móveis pesados, esquisitos e muito dourado, muito. o hall fica no meio da sala de jantar e de uma sala que não deve ser usada nunquinha, só de enfeite. depois mostrou o escritório: a mesa dele parecia ter saído do castelo de versailles contrastando com a tv mais moderna que possa existir. o quarto do casal é tão imenso que eles podem brincar de esconde-esconde tranquilamente.
não vou descrever tudo porque voces vão achar um saco, então vou abreviar: são 12 quartos e 15 banheiros. no andar de baixo, onde foi servido o jantar, é a “disney world” da casa: uma adega fantástica com trocentas garrafas de vinho; uma sala com uma bela mesa de sinuca (sei lá se é sinuca ou tem outro nome); um salão com um bar bem bonito (creia-me! sabe bar de hotel antigo?), mais uma sala de jogos com várias máquinas de video-games, e uma sala de cinema, de verdade, com tela do tamanho do bonde e poltronas hiper confortáveis para 25 pessoas. na entrada tem escrito com luz vermelha: theater
nas paredes do corredor e das salas de jogos, várias camisas, bolas, tacos e tudo mais autografados por jogadores famosos de futebol americano, basebol, golf, etc.
ah1, na garagem onde não fui, diz que tem 2 ferraris e um porche.
ah2, atualmente nessa casa moram 3 pessoas, o casal e uma filha que vai casar em breve.
eu não tenho nenhum pre-conceito com gente rica (ou milionária?), de jeito nenhum, mas confesso que me incomoda essa postura do “eu tenho”, que existe em todo o planeta, mas aqui nos eua é gritante. eu acho. sinto que, muito mais do que prazer de curtir as coisas, é o prazer de mostrar.
agora vem um detalhe triste: o dono da casa, que não tem 50 anos, tá doente e parece que o dinheiro não tá conseguindo curá-lo.
e eu fico imaginando o tanto de emoção troncha que esse moço acumulou pra conquistar essas coisas materiais. o tanto de sapo que engoliu, o tanto de marmota que enfrentou, o tanto de estresse que sentiu pra fazer com que suas células se ressintam desse jeito.
e pra não acabar o post no lado triste da história, vou falar do cardápio do jantar:
tira-gostos: aspargos frescos enrolados com presunto de parma (nunca tinha comido essa mistura perfeita e tão simples); camaões naturais, costelinhas de carneiro com molho de alho (hummmmmm), bolinhos de caranguejo (me desculpe, Rô!!!) e uma tortinha que nao provei por isso não sei de era.
entrada: salada bem simples com várias folhas diferentes, tomate cereja e queijo feta
prato principal: calda de lagosta (muito parecida com a que eles importam lá do meu ceará) e um medalhão de fillet (pois é, eles misturam carne com fruto do mar o que eu acho estranho, mas tava uma delícia) acompanhado com pure de batata e pimentão recheado com abrobinhas.
sobremesa: vários docinhos pequenos: bombinhas de chocolate, tortinha de frutas, brownie e tortinha de limão.
antes do jantar, o patrão fez um breve discurso falando da comemoração (eles fecharam um grande negócio) e a parte que eu mais gostei foi quando ele disse, na brincadeira, que esses jantares não seriam constantes. rsrsrs.
no final no discurso, ele avisa que será servido tres tipos de vinho e explica as características de cada um. e a tabaréu aqui bebendo a velha heineken, desejando a hora de chegar em casa pra tirar o sapato apertado e dormir o sono dos justos.
adoro seus comentarios sobre o mundo que nos cerca. que tabareu que nada…
bjks
lili, é por essas e outras que eu “tinhamo”, sabia?
Ola Lilia,
Pois eh, a primeira vez que deixo um comentario aqui, mas a venho acompanhando por um tempo, e a aprecio muito a sua forma de pensar e como passa isso pro blog. Mas enfim, espero que esteja gostando de Annapolis. Eu morei em Silver Spring, e costumava ir sempre aih…amo essa cidade, muito. Agora moro em Reston, Virginia, perto de DC. Gostaria de me corresponder contigo, quem sabe conversar alguma hora… Andei tbem lendo seus posts sobre a imigracao, e me preparado p/ o que com certeza me defrontarei pela frente. Mas eh isso…qquer coisa, me escreva. Abracos,
lilia,fazia tempo q eu não lia nada tãaaaaaaao surreal!valeu,dei boas risadas,bjos
rsrsrsrsrsrsr..você me surpreende mais e mais a cada dia! rsrsrsrssr..beijos Senhora Lima.
Adoro sempre a sua vivacidade ao contar um fato.
Este está uma delícia de se ler.
Beijão querida.
Não consegui comentar em seguida… embolou… sei lá. E, enquanto lidava com as minhas rotinas de vida, fui pensando nele, no teu jantar. Imaginei um tom, bom, para parecer à vontade quando se está sem vontade. Imaginei a improvisação da roupa, do humor, do “ter que” e “do cada um com seu cada qual”, para que combinassem. Imaginei o tour gastronômico, arquitetônico, e um tônico para reverter o lado triste da história: a impotência. Rico ou pobre, bonito ou feio, bom ou mau… a impotência debilita tanto que, por vezes, mata. Mata a chance, a força, o entendimento, o tamanho da gente… por dentro. Foi quando a fé, algo que não se explica mas sente-se, sorriu-me como uma criança e, levantando o bracinho, quase gritou: presente!
Desembrulhei-a.
Que presente seja toda a esperança sempre, em tua vida, para que apertados sejam apenas os sapatos. E “eu já estou com o PÉ nessa estrada”… rezando um caminho possível e em paz para que as células do chefe do teu marido, recuperem-se. Para que o emprego do Paul tenha saúde. Para que teu sono continue justo e te permita sonhos, muitos sonhos, todos realizáveis. Porque “chic” mesmo, amiga, e bem o sabemos, é ser feliz. E tentar, combina perfeitamente com um dia de cada vez. Deus te abençõe, querida. Um abraçuu.
Infelizmente, nem sempre o dinheiro pode curar. Que o patrão possa aproveitar o que tem sem simplesmente exibir ! Que você se exiba sempre com o que tem aproveitado. Preciosidade natural!
Beijos, Lilia !
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